Zona de Conforto

Zona de Conforto

Quase todos já ouviram falar sobre resistência à análise psicológica. Ou seja: que durante a análise o paciente resiste, de maneira a não se aprofundar em seu próprio processo interno.

Para resistir, o paciente faz uso dos chamados “Mecanismos de Defesa Psicológicos” (MDPs). A título de informação, os principais MDPs descritos são a repressão, a negação, a racionalização, a formação reativa, o isolamento, a projeção, a regressão e a sublimação.

Tais Mecanismos têm sua origem na infância, e como o próprio nome nos revela, servem para defender o ego de situações e sentimentos que possam lhe parecer ameaçadores. E o processo da análise ou terapia psicológica não deixa de ser percebido pelo paciente como uma ameaça à estrutura vigente do ego. Logo, ele se defende, mantendo-se, dessa forma, dentro de uma Zona de Conforto.

Este é um dos grandes obstáculos no processo de análise psicológica e em qualquer alteração de comportamento, como, por exemplo, a mudança da alimentação e dos hábitos nos processos de emagrecimento, a modificação de rotinas para a organização dos estudos, entre muitos outros casos.

Portanto, a Zona de Conforto não é um lugar psicológico que propicia um momento de absoluto prazer, mas, na verdade, um lugar psicológico que propicia a acomodação ao que é conhecido, evitando o confronto com o novo. Trata-se de uma maneira de evitar a ansiedade gerada por mudanças, pelas novidades, acabando por se tornar o medo de algo que não sabemos como é, como nos sairemos ou nos sentiremos (o medo do futuro que é o tom emocional da ansiedade). Aqui nos deparamos com o apego, seja à doença, aos sintomas, a comportamentos daninhos, etc.. É o momento psicológico em que o indivíduo sente-se protegido dos perigos do mundo “lá de fora”. No momento em que o paciente decide abandonar a Zona de Conforto, ele avança consideravelmente no processo de mudança.

Quando um paciente nos responde “Eu vou tentar”, normalmente, está sinalizando o início da sabotagem emocional. Não se trata de tentar, e sim de fazer, de se por em ação, de sair do “Eu quero” para o “eu vou”, fazendo o que lhe cabe.

Mas de onde vem o poder da Zona de Conforto? Entra aqui o chamado “ganho psicológico” ou “lucro psicológico”. Deve-se pesquisar, junto ao paciente, o que ele ganha se mantendo na Zona de Conforto. Pode ser atenção (positiva ou negativa), a oportunidade de “agredir” emocionalmente alguém (pais, cônjuges)...

Então, a Zona de Conforto está intimamente ligada ao ganho psicológico: enquanto eu estiver ganhando, eu permaneço aqui!

Este é um grande buraco negro na compreensão do comportamento humano, pois são aspectos tão contraditórios que, aos olhos dos outros, não parece normal.

Maio de 2010.